sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Faz parte.

   A noite da dolorosa descoberta é sempre inesquecível. É uma sensação de mau gosto, que não se deseja a ninguém. É aquele momento em que desejamos nunca nos termos apaixonado. É aquele momento em que desejamos ter um coração de pedra para não sofrer. Desejamos não ter mais sentimentos; chegamos até a amaldiçoar o amor e todas as suas vertentes. Desejamos ser só nós os habitantes do planeta Terra. Desejamos ter um botão que apague toda esta fase e o que está envolvido a ela. É aquela altura em que só queríamos e daríamos tudo para ter um pedaço infinito de chocolate e devorá-lo todo. É aquela fase em que nos apetece ser rudes e mal educados para toda a gente, especialmente para casais bonitos de namorados. Só porque sim. E a noite de descoberta é aquela em que adormecemos a chorar, cheios de raiva total e vazia, cheia de tudo e de nada. É doloroso. Mas faz parte.
   E a manhã seguinte é aquela em que sentimos um vazio dentro de nós que incomoda. Um vazio que gostaríamos desesperadamente de preencher. É quando olhamos ao espelho e vemos o vazio nos nossos próprios olhos, que teimam em permanecer virados para o chão. Normalmente também é a partir daí que a auto-estima inicia a sua descida vertiginosa.
   E tudo acontece assim. Talvez porque o sorriso que tínhamos se perdeu, talvez porque o nosso olhar se tornou vazio, ou porque simplesmente ficamos vazios por dentro. Mas faz parte.